Entrevista audio com o responsável da Fundação Eugénio de Almeida, o engenheiro Henrique Sim-Sim.
- Considera Évora uma cidade com assimetrias sociais?
Considero que Évora tem alguns focos onde existem alguns problemas sociais. Há focos que estão de momento identificados, nomeadamente nas franjas da cidade; há também problemas concretos no centro histórico.
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- Tem presente o número de pessoas carenciadas que existem na cidade e que recorrem a esta fundação, através das IPSS?
Existem alguns relatórios, nomeadamente o relatório da Caritas, que indica o nº de pessoas carenciadas. Há várias fontes de informação desagregadas que fornecem números que nem sempre correspondem à realidade. Nos tempos crise, as pessoas superam estes problemas com iniciativas de auto-emprego, empreendedorismo…
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- À vista de um cidadão incauto, esta cidade sugere ter uma relativa boa distribuição de riqueza, não existindo pobreza visível. Comunga deste ponto de vista?
Concordo que a cidade tem um conjunto de algumas instituições que minimizam os problemas sociais. Não temos muitos sem-abrigo, pelo menos de uma forma visível. Penso que as respostas que a sociedade civil de algum modo evita o agravar dessa realidade.
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- A fundação Eugénio de Almeida tem alguma parceria com outra IPSS?
A fundação tem um protocolo com a Caritas. Por outro lado tem um protocolo com a arquidiocese de Évora, quer através das suas obras sociais quer através dos polos que intervém no terreno (estamos a falar de centros paroquiais e outras instituições relacionadas com a Arquidiocese que permitem apoiar no terreno as pessoas) Protocolos pontuais fazem-se com algumas instituições para a sua actividade concreta (Relatório de contas da fundação)
A fundação não tem um corpo técnico que permite estar no terreno, preferimos trabalhar com uma instituição que tem uma rede no terreno como a Cáritas, também trabalhamos em rede com mais instituições sociais e culturais da cidade que nos fazem chegar os problemas. Muitos dos problemas chegam-nos através da Igreja.
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- Que tipos de apoios recebem as instituições socais, como a vossa, por parte do Estado para o esbatimento das carências sociais e sua prevenção?
A nível de apoio social recebemos muito pouco apoio. A nível social não existe apoio para além do que está contemplado nas IPSS, nomeadamente benefícios fiscais. Nós trabalhos muito no investimento social na área do voluntariado mas em projectos muito específicos com duração de tempo limitada. Não recebemos uma subvenção do Estado, típica das IPSS’s.
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- Qual a proveniência dos recursos financeiros que esta fundação dá as IPSS com as quais tem parceria?
Nós temos uma lógica de empresa-fundação. Fundação constitui-se como uma empresa que produz vinhos e outros produtos agrícolas que comercializa, sendo as mais-valias geradas por essa sua valência empresarial. As outras fundações, como a Millennium, a EDP… são fundações criadas depois da empresa. No nosso caso concreto a fundação surgiu com a empresa, com uma área estatutária dedicada ao social.
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- Os vossos apoios são realizados de uma forma frequente ou pontual?
São realizados de uma forma frequente, regulados com base no regulamento definido e aprovado no conselho de administração, temos critérios de inclusão e exclusão nos programas de ajuda social.
Há uma verba anual destinada às instituições sociais de toda a arquidiocese de Évora.
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- Pode elencar de forma lacónica quais é que são esses critérios que refere?
As instituições têm que estar inseridas na arquidiocese de Évora, têm que se ver os fins: área social e cultural, mas não promovam festas de bairros ou outro tipo de festas. Têm que estar directamente ligado aos fins estatutários da fundação.
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- Considera que na cidade de Évora as IPSS têm uma importância indispensável à vivência diária das famílias mais necessitadas?
Têm uma importância indispensável, a sociedade civil organizada é uma das melhores respostas. O Estado tem o seu papel e as organizações culturais e sociais também tem o seu papel, com fins concretos e área de intervenção concreta.
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- Quais as instituições em Évora onde é preciso voluntariado?
Ultimamente tem havido uma preocupação social com os idosos isolados que precisam de apoio técnico, a fundação já anda preocupada com este problema há 4 anos, sendo um sector primordial da fundação, mas o voluntariado está ligado a outras actividades sociais. Não promovemos um voluntariado assistencialista, mas um voluntariado pró-activo.
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Como funciona o banco de voluntariado?
É um banco local de voluntariado como existe um pouco por todo o país, o banco de voluntariado permite que qualquer jovem colabore e que se encontrem projectos com que queira colaborar.